terça-feira, 19 de junho de 2007

Tratamento de choque



Desde a minha infância, fui classificado como hipocondríaco injustamente, apenas porque sempre tive alguns cuidados para não pegar doenças e porque gostava de ler bulas para decorar os tratamentos de diversas patologias. Como estou trabalhando há um mês dentro de um hospital, superei alguns tabus e cada vez mais me convenço da injustiça que representa a alcunha atribuída a mim. Confiram os principais pontos dessa evolução:

Tabu 1 ­– O botão do elevador. Antigamente, eu não apertava botões de elevadores de nenhum hospital, fosse ele público, privado ou filantrópico. Ficava esperando alguém chamar a máquina e quando a adentrava, rezava para que alguém fosse ao mesmo andar que eu. Hoje, chamo o elevador com uma certa naturalidade e nem corro para lavar as mãos depois.

Tabu 2 – A respiração. Fazer natação na infância e na adolescência me proporcionou um fôlego acima da média. Sempre ganhei competições com meus irmãos e meus primos para ver quem agüentava passar mais tempo de baixo d’água (posso passar cerca de dois minutos sem respirar). Para mim, uma das maiores utilidades desse fôlego sempre foi poder prender a respiração quando passava perto de áreas críticas de hospitais ou postos de saúde. Fazia muito isso quando ia com minha mãe (que é médica) ao trabalho dela ou quando visitava algum enfermo. Hoje, só testo meu fôlego quando passo perto de exaustores hospitalares ou de alguém que esteja com uma tosse suspeita de tuberculose.

Tabu 3 ­– Associação de diagnósticos. Todo hipocondríaco que se preze costuma achar que está com os mesmos sintomas das doenças de alguém que conhece ou da matéria que leu na revista. Já fiz isso algumas vezes, mas quase não faço mais até porque ouço vários diagnósticos por dia e iria enlouquecer se fosse me impressionar com tudo.

Apesar de achar que não faço parte do grupo dos hipocondríacos, conheço bem esses seres e sei que eles se dividem basicamente em dois tipos. Os que amam e os que odeiam hospitais.

O primeiro grupo é formado por aquelas pessoas que adoram ir aos médicos (pelo menos um especialista por semana) para fazer um check-up ou reclamar daquela dor que nunca tem sua causa diagnosticada. Esse tipo considera os hospitais uma verdadeira disneylândia e se sentem muito confortáveis dentro das unidades de saúde, onde ficam próximos de profissionais treinados, que dispõem de equipamentos e de um farto arsenal de medicamentos.

O segundo grupo é formado por aqueles que fazem de tudo para não irem ao médico ou fazerem um exame, justamente por medo de que alguma doença seja diagnosticada. Detestam hospitais por acreditarem que esses locais são muito propícios para a concentração de vírus, fungos e bactérias. Também imaginam que os microorganismos desses locais são muito mais resistentes por terem sobrevivido a diversas drogas e terem cruzado com outras variações de sua espécie (Isso tem respaldo científico).

Antigamente me achava mais próximo do segundo grupo, mas agora não tenho fobia de hospital e até achei uma vantagem em trabalhar dentro de um: Ganhei muitos anticorpos que ajudam a me proteger de doenças.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Tesouras

Foto: Evane Manço

Tudo bem. Carnaval para muita gente (!) é sinônimo de farra, putaria e afins. Se for nas ladeiras de Olinda então, nem se fala.

Mas esse comportamento é altamente influenciado pelas mensagens subliminares (e sobrelimininares também!) que circulam na televisão, nos jornais e na Internet durante o período de momo. Depois de assistir a alguns comerciais, é mais fácil acreditar que 12 latas de cerveja é pouco e que uma tira de fantasia é muita roupa.

Quase ninguém reparou, mas neste ano até a Prefeitura de Olinda estimulou a putaria abertamente. Embriagados pelo álcool e outros tóxicos, muitos foliões não perceberam os detalhes da decoração carnavalesca instalada na frente da Prefeitura. Mas o subconsciente de cada um teve ter assimilado a mensagem.

Eu mesmo só observei no final de março e porque me mostraram e aproveitei para dar utilidade à câmera do meu celular. Todas as bonecas de passistas de frevo estavam empaladas em público.







sexta-feira, 27 de abril de 2007

Explicação

Graças a Telemar e ãs chuvas, estou com problemas na minha conexão à Internet.... o que inviabiliza qualquer atualização. Depois do feriado dou um jeito nisso!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Nas nuvens

Foto: Arquivo da FAB
Perdão aos poucos navegantes que passam por aqui. Tive uma semana difícil e isso refletiu na atualização do blog. Pretendo compensar nos próximos dias. Começo com uma dica cultural:

Trombei em um xavante ontem. Não em um índio, mas no avião de caça da Força Aérea Brasileira (FAB), que já está obsoleto, mas nem por isso menos fascinante. Pois não é que colocaram aquele bichão de 10 metros de envergadura dentro de um shopping center.

Fiquei impressionado. Mesmo tirando as asas, como é que manobraram a porra daquele Xavante AT 26 dentro do shopping? Nem imagino. Só sei que mesmo com 36 anos de idade o bicho continua imponente e está cercado de réplicas em miniaturas de diversas máquinas de guerra. Tanques, navios e aviões de diversas épocas, que fazem voar a imaginação de qualquer um que tenha brincado de comandos em ação uma vez na vida.

Quem estiver interessado pode conferir o xavante de verdade e as miniaturas na ver tudo isso no Shopping Recife até a próxima segunda-feira.

:: Serviço
Exposição Miniaturas dos Grandes Conflitos Mundiais
De 10 a 16 de dezembro
Shopping Recife, em frente às Lojas Americanas

terça-feira, 3 de abril de 2007

Setlist do mau humor

Quando assisti àquele filme Alta Fidelidade (High Fidelity, EUA, 2000), me identifiquei com o protagonista em uma coisa: a estúpida mania de imaginar (e às vezes gravar) trilhas sonoras para diversos momentos da vida. Para instantes de felicidade, tristeza, fúria, tédio ou alegria, sempre há uma trilha que combina.

Às vezes, dá pra medir o humor das pessoas pelo que elas estão ouvindo. Se o cara acordou num dia de sol com vontade de ouvir Vinicius de Moraes ou Bad Religion, é bom humor na certa! Mas passar o dia ouvindo Joe Coltrane, Smashing Pumpkins ou Noel Rosa pode indicar um início de depressão ou uma mágoa oculta.

Como o maníaco protagonista de Alta Fidelidade, de vez em quando me surpreendo pensando sozinho em várias trilhas sonoras perfeitas para situações reais ou hipotéticas.

Como meu humor não está dos melhores, hoje meu setlist seria:

1. One of these days (Pink Floyd) – Abertura adequada para esta trilha. A música é longa e tem um baixo pesado e simples. Um voz gutural pronuncia o único verso da canção: “One of these days, I'm going to cut you into little pieces (Num dia destes, vou te cortar em pedacinhos)”. Não precisava dizer mais nada, né?

2. Mas eu insisto (Devotos) – Punk Rock simples e direto, sem maiores explicações.

3. Paranoid (Black Sabath) – Todo set list que se preze tem que ter um clássico.

4. Zero (Smashing Pumpkins) – Uma das melhores coisas que já saíram da cabeça complicada de Billy Corgan. Pesada e elegante.

5. I wanna be sedated (Ramones) – Só para animar um pouco.

6. Lixo do Mangue (Chico Science e Nação Zumbi) – Música instrumental. Guitarras distorcidas ao extremo feito gritos de horror. Como se não bastasse, contém o vigor e a empolgação de CSNZ presentes em quase todo o seu disco de estréia, Da Lama ao Caos.

7. Mota (Offspring) – A letra não é grande coisa, mas é música é ótima!

8. Sacrifice (Motorhead) – Não sou fã de metal nem ando de motocicleta, mas essa música é muito fuderosa. O baterista da banda é um animal e seu instrumento parece mais uma metralhadora arrebentando tudo que vê pela frente.

9. Só as mães são Felizes (Cazuza) – Um pouco de choque egocêntrico com a interpretação blueseira e charmosa de Cazuza.

10. Generator (Bad Religion) – Obra prima do punk rock. Essa música é um energético sonoro!

Tô doido que o sábado chegue logo para eu ter vontade de ouvir Vinícius.

:: Se alguém quiser, pode citar mais duas músicas para fazer um bonustrack da trilha.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Aceita uma xícara?


Quase todo mundo tem uma certa compulsão por algo ou desenvolve esse tipo de comportamento em determinadas situações. Estava pensando nisso, ontem de noite, ao encher um copo de 250ml com uma dose dupla de cappuccino direto de uma daquelas maquininhas da Nestlé. Nunca fui um apreciador de café e jamais tomo essa bebida em casa, mas sempre que estou trabalhando costumo ingerir pelo menos alguns goles de alguma de suas variedades.

As doses freqüentes de cafeína poderiam ser uma espécie de doping para aumentar a concentração, mas acho que é compulsão mesmo. Muito trabalho, pouco trabalho, estresse, tempo sobrando, um papinho entre uma matéria e outra (ou Rosseto para alguns – depois explico isso em outro post), qualquer desculpa serve para ir na máquina de café.
Algumas de minhas piores crises de gastrite ocorreram quando estagiei na CTTU. O motivo? Meu computador ficava ao lado de um pote de bolachas e duas garrafas térmicas de café que eram reabastecidas pelo menos uma vez por dia.


Desde então, tento maneirar, mas sempre fico íntimo das máquinas de café quando trabalho numa empresa que tenha essas engenhocas. Acho que a única vez que usei a cafeína como uma espécie de doping foi no ano em que fiz vestibular, porque gostava de estudar de noite e precisava espantar o sono. Então umas quatro xícaras resolviam. Nada de mais, a não ser que o sujeito não pare por aí.

Na minha época de colégio, um amigo meu começou a tomar café com o mesmo propósito. Na véspera de uma prova gastava quase meio pote de Nescafé para se manter acordado e dar aquela revisada. Depois de alguns meses, a cafeína não fazia o mesmo efeito e ele passou a combiná-la com doses cavalares de pó-de-guaraná. Quando essa química deixou de resolver, ele começou a apelar para os arrebites (remédios utilizados por caminhoneiros para dirigir por 48h seguidas).

O pior é que funcionava e o cara estudava em uma noite o que os outros estudantes passavam uma semana para ler. O único inconveniente era uma tremedeira que dava nele no dia seguinte, inclusive durante as provas. Em uma das vezes que fez vestibular, esse meu amigo quase foi expulso da sala de prova pelos fiscais e outros candidatos porque suas pernas tremiam tanto que sua banca fazia um barulho insuportável.

Mas deu certo. Depois de algumas tentativas frustradas, o cara conseguiu passar em medicina e hoje deve estar na metade do curso. Nem consigo imaginar o que ele aprendeu nas aulas de farmacologia para turbinar os arrebites. Estou com azia só de pensar. Não tenho estômago para isso e acho melhor diminuir minha ingestão de café.

terça-feira, 27 de março de 2007

Mais uma dele

Sisse Brimberg & Cotton Coulson (Keenpress)

Talvez eu tenha cometido um grande injustiça ao esquecer de comentar mais um feito atribuido ao Grande Paulo Barbosa. Mas o blog é bom porque sempre dá tempo de consertar as coisas. Vamos Lá:

Reza a lenda que Paulo Barbosa foi um dos caras que ajudou Nelcy da Sylva Campos a salvar o Recife do que poderia ser o maior desastre da história da cidade. Em 1985, Nelcy foi o cara que corajosamente pilotou um rebocador para afastar um petroleiro que ardia em chamas no Porto do Recife, ameaçando levar a Ilha do Recife Antigo pelos ares. O feito mereceu homenagens e até um busto para ele no porto.

Mas o que pouca gente sabe é que Nelcy foi ajudado por uns marinheiros e um outro cara. E alguns juram que Paulo Barbosa foi um deles. Não consegui o testemunho de ninguém que tivesse certeza disso, mas estou atrás da informação (se alguém souber, se manifeste por favor porque já vasculhei na Internet e só acho referências a Nelcy).

Tenho algumas pistas que podem comprovar a veracidade da informação. 1. Paulo Barbosa parece que trabalha realmente no porto. 2. Em 1998, um certo Paulo Barbosa foi candidato a deputado pelo PMN. Sabem como ele solicitou o registro na urna? Assim: O herói do porto!

Em tempo: No último final de semana, dezenas de pesquisadores, policiais e técnicos de diversas áreas se reuniram para começar a montar o Plano de Segurança do Governo do Estado. Não preciso nem dizer que Paulo Barbosa conseguiu se infiltrar em um dos grupos temáticos e apresentou sua solução para reduzir a criminalidade, né?. Depois de se apresentar como chefe de investigações, ele sugeriu que todos os cidadãos utilizassem crachás com suas identidades. Assim, se alguém cometer um crime, será facilmente reconhecido e punido. Até que faz sentido (não fizeram isso com os flanelinhas né?).

sexta-feira, 23 de março de 2007

E por falar em fila...

No último dia 12, Olinda e Recife comemoraram seus aniversários de 472 e 470 anos respectivamente. Como é de praxe, a Marim dos Caetés e a capital pernambucana realizaram festas com os tradicionais bolos gigantes. Pra variar, milhares de pessoas formaram filas gigantescas nas cidades para ganhar um pedaço de bolo. A do Recife começava na praça do Arsenal e terminava no final da rua do Bom Jesus.

Até aí tudo normal. Mas adivinhem quem foi o primeiro da fila a receber uma fatia do bolo do Recife?

Ninguém mais, ninguém menos que o grande Paulo Barbosa, o pauteiro da cidade! Aqui está a prova:


Foto: Alexandre Severo

:: Se você não sabe quem é a figura, não deixe de ler: O pauteiro da cidade.